O destino é terrível e a glória perversa. Durante oito anos, Vincent Van Gogh pintou. Gozaram com ele, o desprezaram, e no melhor dos casos o ignoraram. Poucos foram os que olharam a sua pintura. E sem dúvida, Vincente não é mais que pintura. Vincente olha e Vincente vê. Algumas vezes, com frequência incluso, o pintor olha o homem. Através do auto-retrato, o busca e o escuta, o persegue, o desvenda e o perde. E perde-se a si mesmo. E, pela pintura se reencontra. Vincente pinta-se a si mesmo como para se assegurar de segue ai, de que o seu ser de carne e também de pensamento não se à afogado no fluxo da sensação pura. Como para comprovar que os seus olhos não se queimaram com a luz que emana deles. O pintor pinta o homem. E por traz dos auto-retratos do pintor Van Gogh, desenhou-se, em filigrana, o caminho trágico e banal, inelutável que se leva até ao seu destino.
Pascal Bonafoux
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