sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Leni Riefestahl


Helene Bertha Amalie "Leni" Riefenstahl (Berlim, Alemanha, 22 de Agosto de 1902 – Poecking, Alemanha 8 de Setembro de 2003)




Dançarina, actriz, fotógrafa e realizadora, notavelmente conhecida no cinema pela sua estética e inovação artística na forma de filmar, e considerada a mãe dos filmes documentais.
Há formas de filmar e de "olhar" que foi Leni Riefenstahl quem as utilizou pela primeira vez no cinema. Utilizou o traveling de modo completamente inovador. Nos seus filmes não só interpretou e dirigiu, mas também escreveu os guiões e montou os filmes.

A sua obra associa-se com o nacional-socialismo, a sua busca da beleza do corpo, da harmonia das posições e das paisagens idílicas. Se foi uma documentalista que fez propaganda ou que não queria saber de responsabilidades morais é uma pergunta que se faz à literatura sobre Celine o sobre Jünger. Diva "non grata", nunca se pode livrar de ter sido a musa cinematográfica de Adolfo Hitler, e também, depois da guerra, nunca ocultou ou renegou a sua fascinação por Hitler.

Coreógrafa de vozes, imagens, massas e movimento, ela não o reconheceu como propaganda mas sim como documental artístico.
A sua visão dos festivais nazis e do deporto, dos fundos do mar ás tribos africanas, o seu enquadramento e o seu ponto de vista sobre o corpo humano ficam para a memoria do século XX.



"Sempre andei à procura do insólito, do maravilhoso e dos mistérios da vida"


Bastante cedo iniciou a sua carreira artística como bailarina Iniciando a sua carreira artística como bailarina aos 19 anos), obtendo uma certa fama, dando recitais em várias partes da Europa com êxito .
Há uma cequencia do filme“Heilige Berg, Der ”, dirigida por Arnold Fanck na qual vemoas Leni Riefenstahl bailando uma coreografia de dança moderna, próximo do estilo de Isadora Duncan. Uma montagem dessa dança moderna que reinterpretava a dança grega, com movimentos que ofereciam libertade e idealismo, esta dança atraio Hitler que adorava a ideia de um renascimento clássico,.

O mais belo que vi num filme foi a dança do mar de Leni Riefenstahl na montanha sagrada” - Hitler

Em 1924, depois de ver um filme de Dr. Arnold Fank, entrou em contacto com ele, e passou a colaborar durante muitos anos nos seus filmes, onde foi aprendendo a arte do cinema. Mais tarde juntos participaram em vários filmes, entre os quais o"Heilige Berg, Der".






Em 1932 realizou a sua primeira película, "Blaue Licht, Das", na qual interpreta o papel principal. Depois de ser premiado no festival de Veneza, lançou-a internacionalmente. Hitler, pouco antes de chegar ao poder, em 30 de Janeiro de 1933, quis conhece-la e foram presentados. A partir deste momento ambos sentiram admiração mútua e Leni Riefenstahl foi mais tarde convidada a trabalhar para o regime nazi.






Depois da ascensão de Hitler ao poder, vários realizadores alemão abandonaram o pais, entre os quais Fritz Lang e Robert Wiene, nomes consagrados para o próprio regime nazi. Leni Riefenstahl, converteu-se assim na principal cineasta do regímen, passando assim a ter a sua disposição todo tipo de recursos, tanto económicos como técnicos. Aceitou a direcção dos documentais sobre os 5º, 6º e 7º Congresso do Partido Nacional Socialista alemão realizado em Nuremberga. Os filmes foram os seguintes: "Der Sieg des Glaubens", "Unsere Wehrmacht" e "Triumph des Willens". Obteve com este último o Prémio Nacional de Cinematografia, a medalha de ouro, na Bienal de Veneza, e a medalha de ouro também na Exposição Universal de Paris de 1937.
O filme "Der Sieg des Glaubens" encontra-se desaparecido pois o Ministério de Propaganda emprestou o filme. Desde o fim da guerra, que foi impossível uma cópia do mesmo. No entanto, apareceu uma das cópias arquivas na antiga RDA ou na antiga União Soviética.








Em 1936, com "Olympia", utilizou 35 máquinas de filmar para assim poder captar todos os detalhes de cada competição. Nos travelings colocou rodas por baixo das câmaras para poder seguir os atletas e cavou fossos no estádio para filmar os saltos dos atletas. Utilizou uma objectiva de 600 mm (a de maior alcance na altura) e uma câmara subaquática criada propositadamente para ela.. No final teve mais de 400.000 metros de película, que os teve de reduzir a 100.000, tendo o trabalho de montagem durado quase dois anos.
Com este filme obteve um enorme prestígio na Alemanha, e no Festival de Veneza obteve pelo público grande êxito, e pela crítica foi premiada com o Leão de Ouro. "Olympia" foi estreada no aniversário de Hitler em sessão privada.












O filme "Tiefland" tentou filma-lo em Espanha, mas não conseguindo, mandou construir na Alemanha uma aldeia estilo espanhol. A contratação como actores secundários de um grupo de ciganos, levou-a posteriormente a ser acusada de os ter tirado de um campo de concentração e de ter assim utilizado mão de obra escrava.





Durante os bombardeamentos sobre Berlim, mudou-se para Kitzbühel na Áustria, onde depositou todo o material dos seus filmes, incluído "Tiefland", do qual só faltava o trabalho de sincronização e de montagem.
Quando terminou a guerra, foi presa e interrogada pelo exercito norte americano, que lhe confiscou a casa e todos os seus bens, entre os quais os seus filmes.
Leni Riefenstahl sempre se defendeu das suas acusações como nazi, dizendo que tinha pecado por ingenuidade mas não de má-fé.
Depois de ser libertada pelos norte americanos, uma guarnição francesa voltou a prende-la. Novamente lhe confiscaram todos os bens, e desta vez também todo o material fotográfico. Esteve presa durante três meses num manicómio, no qual lhe aplicaram um tratamento de electrochoques para a desnazificar.
Depois de vários anos e muitos processos em tribunais, conseguiu sair com um veredicto favorável que a reconheceu como não estando implicada nem no partido (Leni Riefenstahl nunca foi militante) nem em nenhuma outra ramificação nazi, e que a sua relação com Hitler e o partido era estritamente profissional.
Depois de vários anos conseguiu recuperar parte dos seus bens, entre os quais os seus filmes.
Vinte anos depois de ter sido começado, terminou a montagem e estreou "Tiefland".




Em 1962, Leni Riefenstahl participou numa expedição científica que atravessava o leste de África e passava no Sudão. A sua esperança era localizar a tribo Nuba, que continuava intocável pelo homem ocidental.
Leni Riefenstahl estava à procura de um povo não corrompido pelo dinheiro, pela religião, e pelas ideias da modéstia. Muitas tribos na África tinham subestimado as suas crenças tradicionais em detrimento das restrições teológicas do Islão e do Cristianismo. Esse contacto levou, naturalmente, a crença na "modéstia", perda de rituais nativos, danças e uma perda de inocência.
Quase como uma reflexão tardia, Leni Riefenstahl fez uma decisão de se tornar novamente documentalista. Conseguiu obter ajuda financeira e material para o seu projecto.
Quando finalmente localizou a tribo Nuba, do Sudão Mesakin, Leni Riefenstahl ficou a viveu com eles durante vários meses, integrando-se nos seus costumes e aprendendo a sua língua. Com o seu colaborador e câmara, Horst Kettner, em 1968, filmou e fotografou as varias tribos que nunca tinham tido contacto com o mundo ocidental.
As fotografias e filmagens dos Nuba deram a volta ao mundo, obtendo novamente um reconhecimento mundial. Com esse trabalho, publicou os livros "The Last of the Nuba" (1974) e "The People of Kau" (1976).


"O belo sempre me fascinou muito e é isso que eu queria conseguir nos Nuba, o outro, o feio, também me comoveu profundamente, e se grandes artistas lidassem com ele o conseguiriam. Mas eu não queria retrata-la, porque estive sentimentalmente muito envolvida. Eu só quis passar o que eu experimentei em termos de beleza, para que outros pudessem ter os mesmos sentimentos"









A sua reputação como fotógrafa já estava recuperada, assim ela foi convidada para fotografar vários eventos, entre eles os Jogos Olímpicos de 1972 em Munique.

Durante os anos 70 saiu um artigo condenável, publicado no "New York" baseado no livro de Susan Sontag "Fascismo Fascinante". De acordo com Sontag, Leni Riefenstahl focou no povo africano o ideal de vida como a arte, o culto da beleza, o fetichismo da coragem, a dissolução da alienação em sentimentos estáticos de comunidade, o repúdio do intelecto. Sontag alega ainda que a escolha dos Nuba como tema e as fotos em si, aderiam a uma estética de identificação fascista preocupada com temas do "limpo ou impuro", o incorruptível e não contaminado, o físico e o mental, o alegre e o crítico, comum ao dogma nazi do ideal.




Aprendeu sub-marinismo aos 72 anos e com mais de 90 seguiu atirando-se de pára-quedas.
A partir dos anos setenta começou a fotografar o mar e os recifes de coral, publicando com esses trabalhos o livro "Coral Gardens" (1978) e "Wonder under Water" (1990). O mundo sub-aquático, um tema fascinante no final da sua vida, permitiu-lhe filmar "Underwater Impressions", que realizou com 97 anos e o apresentou em 2000, já com 100 anos.

Em 2000, enquanto tentava saber qual o destino de seus amigos Nuba, durante a guerra civil no Sudão, teve um desastre de helicóptero mas consegui sobreviver




Ray Müller dirigiu em 1993, um documentário sobre sua vida e obra "Die Macht der Bilder: Leni Riefenstahl (The Wonderful Life Horrible of Leni Riefenstahl)", um dos melhores documentários biográficos de todos os tempos.


Leni Riefenstahl morreu aos 101 anos.








Filmografia:

1924 - Tragödie im Hause Habsburg
1926 - Heilige Berg, Der
1926 - Wege zu Kraft und Schönheit — Ein Film über moderne Körperkultur
1927 - Große Sprung, Der
1928 - Schicksal derer von Habsburg, Das
1929 - Weiße Hölle vom Piz Palü, Die
1930 - Stürme über dem Mont Blanc
1931 - Weiße Rausch — Neue Wunder des Schneeschuhs, Der
1932 - Blaue Licht, Das (A Luz Azul)
1933 - S.O.S. Eisberg
1933 - Der Sieg des Glaubens (Victoria de Fé)
1934 - Triumph des Willens (O Triunfo da Vontade)
1935 - Unsere Wehrmacht (Dia de Liberdade)
1938 - Olympia (Parte I «Festival das Nações» e Parte II «Festival da beleza»)
1954 - Tiefland
2002 - Underwater Impressions














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