segunda-feira, 30 de maio de 2011

Futurismo em Portugal – 1ª parte


Santa-Rita Pintor


(Lisboa, 1889 – 1918)

Formado em Belas Artes, partiu para Paris em 1910, onde residiu quatro anos. No regresso, trouxe os primeiros gritos do Futurismo, em forma de manifesto, que tentou publicar, sem êxito.
Em 5 de Agosto de 1909, o "Diário dos açores" tinha publicado o manifesto de Marinetti, sendo o primeiro a invocar esta nova tendência mas dado a sua distancia os ecos tinham sido minimizados. Agora, no seu regresso, o momento era muito importante em relação ao Futurismo Português.
Em 1910 surgira a revista "Águia" na cidade do Porto, da qual surtiria, dois anos depois, a fundação do "Grupo da Renascença Portuguesa". Em 1913 Almada Negreiros tinha exposto pela primeira vez, em 1914 surgira os poemas de Álvaro de Campos "Ode Triunfal", e tinha sido publicado em 1915, em Lisboa, a revista "Orpheu" nº 2.


Em uma carta de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, em que refere Santa-Rita, diz: "Tem coisas como esta: num café apresenta-me a um conhecido como operário futurista. Ele diz-se pintor futurista e conta ao seu interlocutor que os futuristas não pintam, que quem faz os quadros são operários como eu". Noutra carta refere que: "Em resumo: no artista o que menos lhe parece importar é a obra. O que acima de tudo lhe importa são os seus gestos, os seus fatos, as suas atitudes. Assim não usa relógio porque os artistas não usam relógio"
Sempre que se apresentava em público, dizia que era o mandatário de Marinetti em Portugal., chegando a afirmar que tinha até uma procuração. Alem de todo o seu comportamento extravagante, Santa-Rita foi conhecido por usar roupa muito colorida e exótica.




No "Orpheu", no nº 2, Santa-Rita Pintor publicou "Quatro Hors-Textes Duplos" reproduzindo algumas colagens de sua autoria:

Estojo científico de uma cabeça Aparelho ocular Sobreposição dinâmica visualReflexos de um ambiente X luz, de 1912
Compenetração estática interior de uma cabeça Complementarismo congénito absoluto (sendibilidade litográfica), de 1913
Síntese geometral de uma cabeça X infinito plástico de ambiente X transcendentalismo físico (sensibilidade radiográfica), de 1913
Decomposição dinâmica de uma mesa estilo do movimento (interseccionismo plástico), de 1912

O ano de 1917 foi um ano privilegiado para o Futurismo Português. Em Faro, no jornal "O Heraldo" apareceram vários artigos futuristas. Em 14 de Abril houve uma sessão Futurista que se realizou no Teatro República, e onde Almada Negreiros proferiu o "Ultimatum Futurista ás Gerações Portuguesas do Século XX"; A figura de Santa-Rita teve um papel relevante nesta apresentação. E em Novembro, Santa-Rita colaborou com Almada na criação da revista "Portugal Futurista", tendo também como colaboradores os sobreviventes da "Orpheu".
Nesta revista há um texto de Raul Leal "L'Abstractionisme futuriste...", que glorifica Santa-Rita quase religiosamente.




À sua morte, pediu que toda a sua obra fosse destruída, determinação que foi quase na integra comprida pela família. Somente permaneceu para a posterioridade a cabeça, pintura sem título, que aparece no inicio deste artigo. A obra mais profunda e contundente do Futurismo Português.
Portador de uma intuição agitada e radicalmente inconformista, Santa-Rita Pintor teria sido talvez a personalidade mais importante da arte em Portugal do seu tempo se não tivesse morrido.

Site:

Marco Inductor de Miradas Estrábico-Daltónicas


Realizado por Valentina Carro Padin, e posto em prática por mim.





Discografia num paraíso infernal - XII



Joy Division - Closer (1980)

Máximas filosóficas - XXX


O único prazer verdadeiro é o da actividade criadora”


A 9ª Arte - I


(Depois de uma experiência com esta BD quem poderia não querer continuar a sentir...)







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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu e a Fotografia Artística de Cena - 1ª parte


Entre os anos de 1992/2002, eu participei com a "Escola do Porto", na criação de uma nova linha artística no cinema de autor, através de uma diferente forma de abordar, sentir e realizar o ideal-criador do Artista.
Foi um projecto audacioso e sublime que levou todos os participantes, cada um na sua área, a um estado de Arte.
Aqui ficam alguns dos trabalhos:














A tela e as tintas estão já à espera... a ideia ainda está a madurar!



Máximas filosóficas - XXXI


"Nada existe de permanente a não ser a mudança"


John Cage


(Los Ángeles, 5 de Setembro de 1912 – Nova York, 12 de Agosto de 1992)


"John Cage - Water Walk"

Foi compositor, instrumentista, filósofo, teórico musical, poeta e artista plástico. Pioneiro na música aleatória e electrónica, foi um dos principais elementos do Avant-Gard.
Revolucionou a música contemporânea dotando-a de uma linguagem caótica, continuando assim as trajectórias de Edgar Varese, Charles Ives, Henry Cowell e Arnold Schoenberg.
Uma das suas influências foi o Zen e o I Ching (antigo texto chinês), que o levou na sua música a usar silêncios intermináveis, sons desconexos, casuais e atonais, com volume, duração e timbre aleatórios.
Cage usou o termo "música não-intencional" para alguns dos seus trabalhos. Um exemplo foi 4'33" (1952), no qual na partitura não especifica nenhum som que deva ser produzido durante o tempo em que dura a obra.

John Cage, 4'33" (1952)

Utilizou também o azar na composição. Chegou a usar um método no qual ia perfurando uma folha de papel no local onde houve-se imperfeições, para depois com uma folha transparente , decalcar essas marcas sobre um pentagrama.
No início dos anos 50, John Cage isolou-se em uma das câmaras anecóicas da Universidade de Harvard. Quis assim experimentar o "puro silêncio", mas constatou que mesmo assim ouvia ruído, o do seu coração a bater e o seu sangue a circular. Constatou que o silêncio absoluto, como uma experiência consciente, era impossível.









"Creio que o uso de ruídos na composição musical irá aumentando até que cheguemos a uma música produzida por instrumentos electrónicos, que porá a disposição da música qualquer som e todos os sons que o ouvido possa perceber"


Cage inventou o piano preparado, no qual colocou nas cordas parafusos e bocados de borracha e madeira, dotando assim o instrumento de uma nova variedade de possibilidades sonoras. Uma dessas composições foi "sonatas and Interludes" (1946-1948).


"For prepared piano Sonata"

Toda a música de Cage desde 1951 foi composta utilizando procedimentos de azar usando o "I Ching". Ao utilizar processos de azar eliminava assim os gostos do compositor e do intérprete da música.
Em "Child of Tree" (1975) e "Branches" (1976), pediu aos intérpretes que utilizassem plantas como instrumentos, assim a estrutura ficou determinada a través do azar das suas escolhas, sendo este o resultado pretendido.
Os trabalhos de John Cage são extremamente difíceis de interpretar.

"Child of Tree" (1975)

John Cage teve importância como escritor e professor. As suas aulas foram incluídas em diferentes livros tais como "Silence" (1961)




"Sound - (1966-67)"


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