quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Robert Mapplethorpe


(Floral Park, New York, EUA, 04 de Novembro de 1946 - Boston, Massachusetts, EUA, 09 de Março de 1989)




Ficou principalmente conhecido por suas fotografias a preto e branco de conteúdo sexual de alguns dos seus trabalhos, classificados como pornográficos. Gerou várias polémicas, entre elas sobre o financiamento público de obras de arte. As suas exposições foram também canceladas várias vezes.
Mapplethorpe produziu uma obra consistente que se esforçava pelo equilíbrio e a perfeição, o que o colocou entre os principais artistas do século XX.
Em 2006, uma impressão de Mapplethorpe de Andy Warhol foi leiloada por 643.200 dólares, tornando-se o 11ª fotografia mais cara já vendida.




Formou-se em artes gráficas e começou a sua carreira como cineasta independente e artista, trabalhando para vários meios de comunicação. Não utilizava ainda as suas próprias fotografias, pois nas suas obras incorporava imagens fotográficas que conseguia de varias fontes, entre elas, páginas arrancadas de livros e revistas. Este seu cedo interesse reflectia já a importância da imagem fotográfica na cultura e na arte do seu tempo.

Mapplethorpe tirou suas primeiras fotografias usando uma câmara Polaroid. As suas primeiras polaroid consistiram em auto-retratos, fotografando uma serie da sua amiga Patti Smith, que viveu e criou arte com Mapplethorpe entre 1967 e 1974. A fotografia que aparece na capa do primeiro álbum de Patti Smith, Horses, é da sua autoria.
Em 1996, Patti Smith escreveu um livro "The Coral Sea " dedicado a Mapplethorpe.





As polarod a branco e preto, produzidas durante o início dos anos 70, constituem um retrato interior de si mesmo, explorando o seu corpo na sua totalidade, desde os mais "inocentes" aos mais sinistros e provocantes.










Estas primeiras obras fotográficas apresentavam-se geralmente em grupos ou elaboradamente apresentadas em molduras cujas formas e pinturas eram tão importantes para o resultado final como a própria fotografia. O passo para a fotografia como único meio de expressão ocorreu gradualmente durante os anos setenta.







Em meados dos anos 1970, adquiriu uma Hasselblad e começou a tirar fotografias dos amigos e conhecidos, incluindo artistas, compositores, actores pornográficos e membros da comunidade sado-masoquista underground. Procuro essencialmente a presença da temática homossexual.
Algumas destas fotografias foram impactastes pelo seu conteúdo, mas requintadas tecnicamente.

"Não gosto dessa palavra, "chocante". Eu procuro o inesperado. Procuro coisas que nunca antes tenha visto... Estava numa posição na qual podia tirar as fotografias. Senti-me na obrigação de o fazer".


Em 1978, publicou os Portfólios "X" e "Y". O Portfólio "X" gira em torno ás imagens fotográficas de conteúdo masoquista, enquanto o Portfólio "Y" centra-se nas flores e naturezas-mortas. Em 1981, publicou o Portfólio, "Z", que se centrou nos nus de homens afro-americanos.










Na década de 1980 ele refinou a sua estética, fotografando de aspecto escultural nus masculinos e femininos, delicadas naturezas mortas de flores e retratos de artistas e celebridades, com um ênfase na beleza formal clássica.
O seu primeiro estúdio foi em 24 Bond Street, Manhattan. Na década de 1980, seu mentor, companheiro e crítico de arte Sam Wagstaff deu-lhe dinheiro para comprar um loft em 35 West 23rd Street, onde passou a viver e a trabalhar, mas mantendo como laboratório o seu anterior local.
Mapplethorpe introduziu novas técnicas e formatos no seu trabalho artística: polaroids a cor, impressão de platina em papel e linho, Cibachomes e impressões de tinta com cor transferida.
Foi bastante solicitado como fotógrafo editorial, e realizou retratos de famosos para revistas como "Vogue" e "Vanity Fair"






O Portfólio "X" de provocou escândalo a princípios dos anos 90, quando fui incluído no "Robert Mapplethorpe: The Perfect Moment", uma exposição itinerante financiada pelo "National Endowment for the Arts". Ainda que o seu trabalho já tivesse sido mostrado em exposições financiadas com fundos públicos, conservadores e religiosos, aproveitaram esta exposição para opor-se ao apoio governamental. O resultado foi que Mapplethorpe converteu-se num referente para ambos os lados. A exposição deu lugar ao processamento do director do Centro de Arte Contemporâneo de Cincinnati, Dennis Barrie, acusado obscenidade e pornografia infantil".

O Portfólio "Z", com as suas fotografias sexualmente carregadas de homens negros, foram também objecto de crítica, mas desta vez por exploração racial.


 Andy Warhol


 Louise Nevelson


 Luci Ferry


William Burroughs



Em Junho de 1989 a "Corcoran Gallery of Art", em Washington DC, ia mostrar uma exposição individual dos trabalhos de Robert Mapplethorpe. A galeria não tinha estipulado a temática a utilizar, então Mapplethorpe decidiu mostrar as suas famosas fotografias "sexualmente sugestivas". A direcção da Corcoran, e alguns membros do Congresso horrorizaram-se quando lhes foi mostrada a obra a expor. Com esse material o museu negou-se a continuar com a exposição
Lowell Nesbitt Blair, amigo de Mapplethorpe, revelou nessa ocasião que tinha feito uma doação testamentaria das suas obras no valor estimativo de 1.500.000 dólares ao museu. Nesbitt ameaçou revogar essa doação se o museu continua-se a negar expor o trabalho. A Corcoran negou-se e Lowell Nesbitt Blair trocou o destino do seu legado ás "Phillips Collection".
A comunidade de artistas de Washington, em represália, apresentaram as fotografias mais explícitas, numa projecção nocturna de slides na fachada da Corcoran..
A decisão da Corcoran provocou um debate polémico: Se há dinheiro dos impostos para o apoio ás artes, quem decide o que é obsceno ou ofensivo nas exposições públicas? E se a arte pode ser considerada uma forma de liberdade de expressão, é uma violação o financiamento por razões de obscenidade?






Um ano antes de sua morte fundou a "Robert Mapplethorpe Foundation, Inc". A fundação não só funcionou como sua propriedade oficial e ajudou a promover o seu trabalho em todo o mundo, mas também levantou e doou milhões de dólares para financiar pesquisas médicas na luta contra a SIDA e o HIV.

Mapplethorpe morreu aos 42 anos por complicações decorrentes da SIDA.








Escândalos póstumos:

Em 1998, a "University of Central England" esteve envolvido numa polémica quando um livro de Mapplethorpe foi confiscado. Um estudante que estava a escrever um artigo sobre o trabalho de Robert Mapplethorpe, necessitou de algumas fotografias do livro e o fotografou. Quando mandou revelar o rolo, alguém informou a polícia por causa da natureza incomum das imagens. A polícia confiscou o livro da biblioteca da universidade, e informou que o livro teria que ser destruído. A universidade acabou por ganhar o processo, e o livro voltou ás estantes da biblioteca. A acção da polícia foi considerada como uma grave violação da liberdade académica.

Em Setembro de 1999, as "Arena Editions" publicou "Pictures", uma monografia que reintroduziu as fotografias sexuais de Mapplethorpe. Em 2000 na Austrália, o livro foi apreendido por dois detectives numa livraria em Adelaide, por razões de violar as leis de obscenidade e indecência. Depois de examinado o caso decidiu-se que o livro importado dos Estados Unidos, devia permanecer livremente disponível e não classificado.




Site:
http://www.mapplethorpe.org/



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