sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Klaus Kinski

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Nikolaus Karl Günther Nakszynski (Sopot, Cidade Livre de Dánzig (Polónia), 18 de Outubro de 1926 – Lagunitas, E.U.A., 23 de Novembro de 1991)




Escrever sobre Klaus Kinski é complicado, pois era uma pessoa estranha, desagradável, provocativa , violenta e obsessiva, mas imensamente talentosa. Odiava o seu trabalho dizendo que tinha de actuar para comer. Odiava sociabilizar-se com as pessoas, odiava quase todos os seus colegas actores, directores e público, odiava assistir a festivais e promover os seus filmes.
Possuidor de um carácter temperamental e irascível, as suas actuações foram verdadeiramente teatrais e os seus personagens neuróticos. Costumava deixar à sua passagem muitos inimigos pessoais devido à sua agressividade. Também o foi para Werner Herzog, mas a pesar de todo foi ele que melhor o entendeu e que soube tirar o melhor de Klaus Kinki, mas a relação entre ambos foi tremendamente visceral e violenta. Duas raras excepções foram Claudia Cardinale e Jesús Franco.



Klaus Kinski foi militar durante a Segunda Guerra Mundial, mas logo no início foi feito prisioneiro, passando assim o resto da guerra num campo de prisioneiros inglês, aqui teve o seu primeiro contacto com o teatro, improvisado para prisioneiros. No final da guerra, depois de libertado, participou num teatro ambulante. Anos mais tarde veio a trabalhar com grandes directores teatrais que incutiram nele princípios próprios do teatro da crueldade, abstracto e experimental e conceitos da teoria da representação.



Em 1948, estreou-se como actor no filme "Morituri". A partir dai, actuou em muitos filmes. Alguns desses filmes foram "Doctor Zhivago" de David Lean (1965), "Per qualche dollaro in più", Sergio Leone (1965).
A sua participação em "Venus in Furs o Paroxismus" de Jesús Franco (1968), foi o início de uma relação de amizade e de trabalho entre ambos, participando em mais filmes deste realizador, "Jack the Ripper", "El conde Drácula" e "Deadly Sanctuary".
Federico Fellini, François Truffaut, Pier Paolo Pasolini e Luchino Visconti quiseram Klaus Kinski como actor, mas ele recusou todas as suas propostas.

No início dos anos 70 levou a cabo uma serie de polémicas apresentações teatrais conhecidas como "Jesus Christus Erlöser", nas quais auto-proclamava-se o Messias e enfrentava aberta e hostilmente o público, incitando a reacções viscerais do auditório.



Nos anos 50, Klaus Kinski e Herner Werzog compartiram um apartamento. Um dia, Klaus Kinski teve um ataque de violência e começou a destruir o mobiliário do apartamento sem causa aparente. No final, fechou-se na casa de banho e lá se manteve dias, sem contactar com ninguém. Essa estranha personalidade do actor fascinou Herner Werner quem soube de imediato que seria capaz de interpretar as suas fantasias, caprichos e excentricidades.

O começo da sua relação de trabalho foi a partir de "Aguirre, der Zorn Gottes " (1972), onde Klaus Kinski interpretou um megalómano conquistador espanhol, que na busca de ouro se aventurou em terras peruanas sem que nada nem ninguém o impedira. As condições da rodagem foram tão adversas como a experiência de trabalhar juntos.






A pesar aquela experiência, o segundo projecto compartido foi "Nosferatu – Phantom der Nacht " (1979). O filme foi uma homenagem ao mestre F. W. Murnau e reflectiu a versatilidade de Klaus Kinski que voltou a brilhar.







O terceiro encontro foi com o filme "Woyzeck" (1979) baseado numa novela expressionista alemã, onde Klaus Kinski interpreta um infeliz soldado continuamente humilhado e submetido elos seus superiores, desencadeando num final trágico e de loucura.






A sua seguinte participação foi em "Fitzcarraldo" (1982). O filme narra a historia de Brian Sweeney Fitzgerald, um excêntrico amante da ópera do século XIX, que desejava levar a música de Enrico Caruso aos indígenas peruanos, empurrando um barco de vapor por cima de uma montanha que dividia dois rios. O filme resultou ser uma proeza ambiciosa carregada de conflitos e tragédias durante a rodagem, que desgastou a relação entre ambos.







A sua última e mais turbulenta colaboração foi no filme "Cobra verde" (1987) onde Klaus Kinski personifica um aventureiro, Francisco Manoel Da Silva, traficante de escravos; um homem consumido pelos seus sonhos. O mais pobre entre os pobres, que conseguiu converter-se no comerciante de escravos mais importante do Brasil. Durante a rodagem, Klaus Kinski agrediu Herner Herzog e abandonou as filmagens sem ter terminado o filme. No fim do filme aparece a tentar por um barco no oceano, num ataque de fúria e agonia. Esta parte não estava no guião e foi real.







Esta foi a última colaboração entre ambos artistas.



Desde o início, as tensões Herzog-Kinski tinham tocado picos perigosos e ameaçaram-se de morte em várias ocasiões. Por outro lado, a atitude de Klaus Kinski nas filmagens lhe criou numerosos inimigos, até ao ponto em que numa ocasião um chefe índio ofereceu-se para o matar. Klaus Kinski mostrou o seu rancor e ressentimento na sua autobiografia, na qual diz, referindo-se a Herzog: "Um estúpido, que não sabe nada de cinema, foi eu que rodei tudo, no tem nada de cultura, é um analfabeto" e "Arrebentava-lhe a cara, lhe cortaria a cabeça, o matarei com a minha espingarda". Werner Herzog afirma que estes insultos foram uma manobra publicitária planeada por ambos.



Depois de la ruptura klaus Kinski seguiu interpretando em filmes de diversos géneros. O seu último filme, Paganini, em 1989, marcou a sua estreia como director, guionista e montador, sendo alem disso também o actor principal. Ambicioso projecto que no início era para ser uma mini-serie com 16 horas. No final, os responsáveis e produtores decidiram lança-lo como uma larga-metragem. O filme terminou sendo um caótico e colorido reflexo da singular personalidade do actor, recebendo críticas negativas e sendo um fracasso económico.



No final da vida, Klaus Kinski já retirado do cinema, escreveu as suas memórias autobiográficas "Ich brauche Liebe ".

Após oito anos da morte de Klaus Kinski, Werner Herzog realizou um documentário em homenajem, "Mein Liebster Feind" (1999). Nele, afirma que chegaram a ameaçar-se de morte em várias ocasiões mas que "respeitava-mo-nos, mesmo quando queríamos matar-nos".


Sites:
http://www.klauskinski.com/
http://www.klaus-kinski.de/

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