segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Alberto Giacometti


(Borgonovo, Suíça, 10 de Outubro de 1901 - Coira,Suíça, 11 de Janeiro de 1966).



Foi um escultor e pintor que cresceu num ambiente de artistas. O seu pai, Giovanni Giacometti, era pintor impressionista e o seu padrinho,Cuno Amiet, era fauvista.
Furmou-se em Paris em escultura. Aqui contactou com os cubistas, e mais tarde com os surrealistas, formando parte deste movimento de 1930 a 1935.
Vivendo em Montparnasse, contactou com os artistas Joan Miró, Max Ernst, Pablo Picasso, Samuel Beckett, Jean-Paul Sartre, Paul Éluard e André Breton, para o qual escreveu e desenhou na sua publicação "Le surréalisme au Service de la Révolution". Num dos primeiros números desta revista, Giacometti mostrava o magnetismo inquietante com o qual lhe enfeitiçavam os objectos: “Todas as coisas… as que estão próximo, e longe, todas as que passaram e as futuras, as que se movem, mudam (se passamos junto a elas, se afastam), outras aproximam-se, sobem, descem,..."
Durante os anos 30, Giacometti insiste no facto de que as esculturas que realizava não tinham as marcas da sua manipulação, nem da sua presença física nem dos seus cálculos estéticos e formais: “À anos que realizo somente aquelas esculturas que se oferecem ao meu espírito já perfeitamente terminadas”. “A realização é somente um trabalho material que, para mim, em todos os casos, não apresenta nenhuma dificuldade. É quase aborrecido. Tem-se na cabeça e se necessita vê-la realizada, mas a realização em si mesma é cansativa. Se fosse possível ser realizada por outros seria ainda mais satisfatório”. É por isso que falava das suas obras como de “projecções” que queria ver realizadas mas que não queria ser ele a fabrica-las.
Nas obras deste período é visível a ideia surrealista do simbolismo dos objectos.









O abandono do surrealismo e a volta à arte figurativa constituíram o prelúdio da chegada de Giacometti ao seu estilo mais singular e característico. Aparecem nesta altura as figuras humanas delgadas, de aparência nervosa, de superfície áspera, geralmente de tamanho natural e que podem estar representadas isoladas ou em grupo. São estas obras que fizeram de Giacometti um dos artistas mais originais do século XX. Também na pintura, as suas obras caracterizam-se por figuras rígidas e frontais, simbolicamente isoladas no espaço. Nelas está representada a solidão e o isolamento do homem.
Entre 1935 e 1940, Giacometti concentrou a sua escultura na cabeça humana, centrando-se principalmente no olhar. Isto foi seguido por uma nova e exclusiva fase artística na qual as suas estátuas começaram a alargar-se.
A princípios dos anos 50, Giacometti começou a realizar os trabalhos em bronze. Perfeccionista, Giacometti estava obsessionado em criar as suas esculturas exactamente como as via através do seu exclusivo ponto de vista da realidade.
Em 1962 recebeu o grande prémio de escultura na Bienal de Veneza, o que o levou a converter-se numa celebridade internacional.





"A proposição última na qual Giacometti baseou toda a sua obra de maturidade consistiu na impossibilidade de chegar a compartir a realidade com alguém – e a ele o único que lhe interessava era a contemplação da realidade. Por isso acreditava que era impossível ver uma obra terminada. Por isso o conteúdo de qualquer das suas obras não é a natureza da figura ou da cabeça retratada, mas sim a historia incompleta da contemplação por parte do artista. O acto de olhar era para ele uma forma de oração; foi-se convertendo num modo de aproximar-se a um absoluto que nunca conseguia alcançar. Era o acto de olhar o que lhe fazia dar-se conta de que se encontrava constantemente suspendido entre a existência e a verdade."
"Mirar" de John Berger (1987)




"Se tivesse nascido num período anterior, Giacometti teria sido um artista religioso. Mas, nascido numa época de alienação profunda e geral, não quis utilizar a religião como um escape em direcção ao passado. Foi obstinadamente fiel ao seu tempo; um tempo que deveu de ser para ele como a sua própria pele: o saco no qual havia nascido. E este saco simplesmente não podia deixar de lado, sem deixar de ser honesto, na sua convicção de que sempre havia estado só e sempre o estaria."
"Mirar" de John Berger (1987)



"Giacometti propõe que a realidade não se pode compartir, e isto é certo na morte. Não se trata de que o artista tivesse um interesse mórbido no processo da morte, mas sim de que o único que o preocupava era o processo da vida tal como a vê um homem cuja própria mortalidade lhe proporciona a única perspectiva da que possa confiar. Nenhum de nós se encontra em situação de recusar essa perspectiva, mesmo quando tentamos reter outras ao mesmo tempo."
"Mirar" de John Berger (1987)



Um dos aspectos mais inovadores foi a colocação em cena do movimento real na obra plástica até então estático. Isto deveu-se ao facto de que a bola pode, efectivamente, fazer-se oscilar como um pêndulo, o que determina uma percepção do trabalho na sua forma física concreta e objectiva e não como forma plástica. Segundo o próprio autor: “Apesar dos meus esforços, naquele tempo não conseguia realmente tolerar uma escultura que se limita-se a dar ilusão de movimento (uma perna que avança, um braço levantado, uma cabeça que olha de lado). O movimento podia concebe-lo somente se era real e efectivo, é mais, queria dar a sensação de o poder provocar.” O movimento é real, e portanto o meio temporal no qual se inscreve é o tempo real da experiência, livre de todos os limites e, por definição, incompleto. Este decorrer do movimento real e ao mesmo tempo textual é uma função do significado do surrealismo enquanto que se instala simultaneamente nas margens do mundo e no seu interior, comparte as condições temporais, mas forma-se debaixo da pressão de uma necessidade interior.






Site:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alberto_Giacometti


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