quinta-feira, 21 de julho de 2011

Joel-Peter Witkin

(Brooklyn, Nueva York, 13 de setembro de 1939)



Entre 1961 e 1964, trabalhou como fotógrafo de guerra na guerra do Vietname. A partir de 1967 começou a trabalhar como freelance. Estudou escultura...

Desde o principio da sua carreira, ele aborda o tema do outro centrando-se nos outros que que temos em nós: O que no somos mas que podíamos ter sido (anões, seres disformes) e os outros que podemos ser em potencia, a través de metamorfoses do nosso corpo, desejadas ou no (transexoais, hermafroditas), e o que vamos ser (cadáveres). Witkin procura a beleza em todos eles, o grotesco trata-se com compaixão e respeito, e obriga-nos a enfrentar a realidade, o efémero do nosso ser e o temporário da nossa existência e do nosso bem-estar.








Witkin é um artista que primeiro imagina e desenha com detalhe o que quer mostrar, em seguida procura o modelo adequado. Chega a por anúncios nos jornais procurando esses "freaks". Visita as morgues em busca de cadáveres ou restos de corpos que lhe sirvam para montar as suas peculiares "naturezas mortas".
Também se inspira em momentos e estilos da historia da arte. É fácil reconhecer um Bosco em muitas das suas imagens, mas também as formas recargadas do barroco, a beleza de um Botticelli ou as composicões de Goya o Velázquez.
Trabalha quase sempre em preto & branco. O seu processo físico da fotografia é altamente intuitivo levando a manchar ou riscar o negativo, ou manchar com químicos as fotografias.
"Trabalho em preto & branco. Como dizia o meu amigo Robert Frank, o preto e o branco som as cores da fotografia"








Diz que o que faz não é uma terapia, ou uma forma de exorcizar nenhum tipo de demónio interior:
"O que faço é o resultado de onde me levou a vida, a minha vontade, a minha vida espiritual e a minha ilusão, e aceito a responsabilidade de fazer imagens que expressem aquilo que me interessa. O meu trabalho sobre todo é investigar a vida tal e como eu a percebo, com a minha visão pessoal, e o que significa isso? Para mim significa, não sendo uma pessoa religiosa, que o que faço é uma preparação para crescer em compaixão, amor e honestidade. E acontece que aquilo que faço parece muito escuro, e pode ser. Cada um tem os seus dons e habilidades para enfrentar a vida e eu tenho uma espécie de dom estranho, que consiste em trabalhar com coisas que são escuras mas que têm um significado importante."




É fácil perceber que alguém queira fotografar pessoas disformes, numa tentativa de nos chamar à atenção sobre eles e aprendamos a aceitalos como parte do nosso meio, mas as fotografias de cadáveres parecem menos justificáveis num primeiro momento. A explicação de Witkin é a seguiente:
"A morte é uma parte da vida, é a grande porta pela qual todos nós passaremos algum dia e acredito que não deve ser evitada em nenhum tipo de expressão ou diálogo expressivo. As minhas fotografias de restos humanos fizeram-se com autorização, com o conhecimento de que à implicações médicas e morais, e nunca fotografei ninguém sem autorização, pois o meu objectivo é positivo, não escuro, o que faço é sempre da forma mais humilde, reverente e seguindo fins elevados."




Desagradável ou não, a obra de Joel-Peter Witkin é especialmente necessária neste mundo onde nos bombardeiam constantemente com modelos sociais que só orientam à beleza estilizada, ao triunfo e ao êxito. O feio deixa-se de lado e parece não ter lugar na sociedade ocidental onde até a morte é ocultada somente.
"Estamos a viver num tempo muito fugidio, estamos stressados e cada vez temos menos tempo para pensar e coisas filosóficas, teóricas ou espirituais. Há tantas coisas ai fora que se tentarmos aceitar todo o que vemos a cada momento, ficamos com pouco tempo de ser introspectivos e de compartir essa introspecção. Penso que deve haver um espaço para as coisas importantes, faz falta uma imaginária mais densa e com significado mais profundo. Eu faço este trabalho porque quero compartir algo, não porque eu necessite expressar algo para terminar com os meus problemas, necessito estabelecer uma conexão entre a vida e o que a representa num âmbito mais elevado e profundo espiritualmente. Porque somos espirituais, somos matéria e espírito, e quero combinar esses dois factores da vida."



Site:
http://www.correnticalde.com/joelpeterwitkin/
http://en.wikipedia.org/wiki/Joel-Peter_Witkin

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