segunda-feira, 4 de julho de 2011

Futurismo em Portugal – 6ª parte

Almada Negreiros
(1893 - 1970)

"Eu sou o resultado consciente da minha própria experiência"


Em 1913 publicou o primeiro desenho na "A Sátira" e fez a sua primeira exposição individual. Fernando Pessoa escreveu uma crítica à exposição. Quando Almada o abordou, responde-lhe "Vosse que não percebe nada de arte". A partir deste momento ficaram a admirar-se mutuamente.
Em 1915 saiu o primeiro número da revista "Orpheu" nº 1, que provocou algum escândalo. A 21 de Outubro estreou-se a peça "Soror Mariana". O autor era Júlio Dantas. Almada reagiu publicando o "Manifesto Anti-Dantas". O manifesto não foi apenas contra Dantas, foi também uma reacção contra uma geração tradicionalista, uma sociedade burguesa, um país limitado.
Em 1919 Almada foi para Paris. Para viver trabalhou como dançarino de salão, bailarino numa boate e empregado de fábrica.
"Eu gosto de procurar sozinho para me encontrar com todos"


Regressou a Lisboa em 1920. Dedica-se então ao desenho, ás capas de livros, aos cartazes, e a escrever textos.
"Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver certamente outras maneira de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido"

Em 1927 vai para Madrid. Colabora em várias publicações espanholas e com vários arquitectos. Fez murais na Cidade Universitária de Madrid, nos cinemas Barceló e San Carlos e no Teatro Muñoz Seca.
Em 1933 Almada elabora o cartaz para o S.P.N.: "Votai uma nova Constituição" e um selo "Tudo pela Nação".








No ano seguinte casa com Sarah Afonso. Nunca abandonou a multiplicidade. Conferências, cartazes, poesia, painéis, vitrais, etc.
Em 1938 conclui os vitrais da Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Para as comemorações da Fundação da Nacionalidade e o terceiro centenário da Restauração, Almada foi encarregado de fazer os vitrais para o Pavilhão da Colonização. Da sua autoria foram também os cartazes "Duplo Centenário" e "Festas do Duplo Centenário".
Ganhou o prémio Columbano pela sua tela "Mulher". Passando a ser reconhecimento como Mestre.


A escrita foi, para Almada negreiros uma forma de crítica:
"As construções do Estado multiplicam-se a olhos vistos, porém as paredes estão nuas como os seus muros, como um livro aberto sem nenhuma história para o povo ler e fixar"





Em 1950 diz "Faltam duas tábuas e meia de pintura do todo na obra de Nuno Gonçalves". Criou assim a hipótese de uma nova reorganização do painel.
Em 1954, o Restaurante Irmãos Unidos encomendou-lhe uma tela. Inicialmente a pintura chamava-se Lendo Orpheu (retrato de Fernando Pessoa).
Em 1959 o S.N.I. atribui-lhe o "Prémio Nacional das Artes". Galardão que não serviu para o calar. No mesmo ano Almada assinalou um protesto público pela nomeação de Eduardo Malta para Director do Museu de Arte Contemporânea.
No final dos anos 60, executou o painel "Começar" para a Fundação Calouste Gulbenkian e os frescos para a Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.


Em 1970 o Retrato de Fernando Pessoa foi leiloado. O preço atingido causou admiração pois nunca um pintor português conseguira tal proeza.


No dia 15 morreu, no mesmo quarto onde falecera Fernando Pessoa.



"As pessoas que eu mais admiro são aquelas que nunca acabam"


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