quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Marina Abramović

(Belgrado, Jugoslávia, 30 de Novembro de 1946)


Estou interessada numa arte que perturbe e rompa esse momento de perigo; por isso, o público tem que estar a olhar aqui e agora. Deixa que o perigo te concentre; esta é a ideia, que te concentres no agora”




Filha de guerrilheiros jugoslavos, Marina Abramovic é uma artista que iniciou a sua carreira nos anos 70 e converteu-se num dos performers mais veteranos e poderosos do panorama artístico contemporâneo. O seu trabalho explora a relação entre o artista e a audiência, os limites do corpo, e as possibilidades da mente. Abramovic faz parte da geração de artistas que abandonam o objecto e centram-se na experiência como obra de arte. O seu corpo converte-se no suporte artístico.






Abramović estudou na Academia de Belas Artes de Belgrado entre 1965 e 1970. Completou os seus estudos na Academia de Belas Artes de Zagreb (Croacia) em 1972.
Entre 1973 e 1975 ensinou na Academia de Belas Artes de Novi Sad, ao mesmo tempo que preparava a sua primeira performance. Durante esta época a artista tratou de indagar os limites da resistência moral e física, reflexionando sobre o comportamento do organismo e da mente.
Depois de mudar-se a Ámsterdam, Abramović conheceu o artista de performance alemão Ulay (Uwe Laysiepen) e formaram um colectivo chamado "The Other" (O outro), que se prolongou entre 1975 a 1988. Está relação terminou com a performance "Lovers" que pôs fim à relação entre ambos.
Após a sua ruptura, Abramovic inicia uma nova etapa e começa a realizar instalações com objectos.
A partir de 1992 voltou a fazer performances.






O seu trabalho foi evoluindo com o tempo, desde uns primeiros trabalhos nos quais buscava fundamentalmente revoltar-se contra uma educação que a impedia desenvolver-se como pessoa, até chegar a umas propostas nas quais explora o aspecto espiritual do sexo (Balkan Erotic Epic).
O que não perdeu no caminho é a simbiose que sempre procura entre a arte e a vida, unindo as suas próprias experiências vitais com o mundo da criação, entrando no mundo da Body Art para chegar até aos limites mais extremos, tanto desde o ponto de vista psíquico como mental, chegando a por a sua vida em perigo.
As suas obras têm muito de ritual, de transcendência, mais além do medo à dor física, de atingir um estado mental e físico que lhe permita entrar numa dimensão na qual essas limitações já não projectam nenhuma sombra sobre a sua mente nem sobre a sua vida.






(Alguns trabalhos:)

1973 a 1974

"Ritmo 10", 1973
Na sua primeira performance explorou elementos de rituais e gestos. Usando vinte facas e dois gravadores, executou o jogo russo de dar golpes entre os dedos abertos da sua mão com as facas. Cada vez que se cortava, pegava uma nova faca. Depois de cortar-se vinte vezes, reproduzia a gravação, escutava os sons e tratava de repetir os mesmos movimentos e erros, unindo desta forma o passado e o presente.

"Ritmo 5", 1974
Parada, fora de uma estrela desenhada no chão e previamente molhada com petróleo e posta a arder, cortou as suas unhas e o seu cabelo. Quando terminou, lançou os cortes ás chamas. Num acto final de purificação, saltou ao centro da estrela em chamas, perdendo em seguida o conhecimento por la falta de ar.

"Ritmo 2", 1974
Na primeira parte, tomou uma pílula, e o seu corpo reagiu violentamente, experimentando ataques e movimentos involuntários. Enquanto perdia o controlo dos movimentos do corpo, a sua mente estava lúcida e observava todo o que ocorria. Dez minutos depois que os efeitos da droga passaram, tomou outra pílula a qual deu como resultado uma imobilização geral. Fisicamente encontrava-se presente, mas mentalmente não.

"Ritmo 0", 1974
Colocou sobre uma mesa 72 objectos, escolhidos entre vários, pelos espectadores. Entre eles havia tesouras, uma faca, um chicote, uma pistola e uma bala. Durante seis horas permitiu aos membros da audiência manipular o seu corpo a as suas acções. Inicialmente, a audiência esteve com precaução e pudor, mas à medida que passou o tempo muitos começaram a actuar muito agressivamente, mantendo ela até ao final uma passividade total.


Trabalhos com Ulay (1975 a 1988)

"Relation in Movement", (1976)
Conduziram um automóvel dentro de um museu, e deram 365 voltas, enquanto um líquido negro saía do escape, formando uma espécie de escultura, e cada volta representou um ano.

"En Imponderabilia", (1977).
Colocaram-se nus em ambos lados da porta de entrada do museu, dificultando assim uma entrada normal dos espectadores à sua própria performance.

"Expansion in Space", (1977).
Utilizando os seus corpos nus, cada um em sentido oposto, indo a correr e estatelando-se, tentaram o mais que puderam empurrar duas colunas móveis.

"Relation in Time", (1977)
Permaneceram unidos pelos cabelos durante 16 horas. O público entrou durante a última hora.

"Death Self", (...)
Ambos uniram os seus lábios e inspiraram o ar expelido pelo outro até gastar todo o oxigénio disponível. Exactamente 17 minutos depois do inicio da performance ambos caíram inconscientes.

"Rest Energy", (1980)
Parados um em frente ao outro,.com microfones colocados à altura do coração. Ela pegou no arco enquanto ele segurou na flecha, apontando ao coração dela, entretanto escutava-se o aumento cardíaco.

"Lovers", (1988)
Percorreram 2.000 km. ao longo da Grande Muralha da China em 90 dias para chegar, partindo cada um desde um extremo distinto, à povoação de Er Lang Shan em 27 de Junho de 1988. Caminharam até se encontrarem e imediatamente voltaram a separar-se... para sempre.











1992 a 2011
"Balkan Baroque", (1997)
Comportamento dos ratos-lobo escutado numa sala na penumbra, enquanto a artista, em frente da imagem de seus pais, limpava sossegadamente duas toneladas de ossos que ainda mantinham bocados de carne.

The House with the Ocean View (2002).
Construiu uma casa numa galeria, colocada sobre três plataformas incrustadas na parede e separadas por um espaço pelo qual poderia cair. Cada plataforma estava conectada ao solo por uma escada que tinha como degraus facas. Abramovic contou com o básico para a sua supervivência durante os doze dias que permaneceu ai sem comer, sem falar e sem nenhuma privacidade.

"Balkan Erotic Epic", (….)
Uma serie de diferentes obras gravadas em vídeo e em fotografia, na qual procurou a relação entre o sexo e a morte. Investigou os antigos rituais pagãos da Servia, que se utilizam com o fim de propiciar a fertilidade da terra.


(Marina Abramovic regista as performances com fotografias e vídeos. Não há nada como a presença real, mas o vídeo aproxima-se mais que a fotografia fixa)


Site:
http://en.wikipedia.org/wiki/Marina_Abramovi%C4%87

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