DE PROFUNDIS CLAMAVI
Que te peço?
Tem pena de mim
Do fundo da ravina obscura onde o meu coração caiu
Ouve meu desabafo
Vivo num mundo sem horizonte nem intensidade
Onde de noite proliferam horror e blasfémia
Não há bichos nem rios nem prados nem bosques
Quando a escuridão se afasta um sol sem afago cobre uma terra mais nua que o mais nu dos pólos
Eu sei que não há no universo horror que ultrapasse a violência gratuita e fria deste sol gelado
Nem o caos antiquíssimo é mais desarrumado que esta noite de que te falo
Invejo o quinhão que coube ao mais vil dos animais que se pode esquecer num sono pasmada
tu que és o Exclusivo que eu amo
peço-te
Divide o tempo que me pesa e dói em fios tão finos quanto podes
E fá-lo lentamente
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