quinta-feira, 9 de junho de 2011

Antonin Artaud


(Marselha, França, 4 de Setembro de 1896 – Paris, 4 de Março de 1948)




Foi o criador do "Teatro da Crueldade", influindo grandemente na história e desenvolvimento do teatro mundial.
Na obra de Artaud manifestam-se todos os aspectos da sua personalidade. Desde os intermináveis ataques de loucura e consequentes terapias de psicanálise (a dor física e a sensação de paranóia sempre o acompanharam, obrigando-o a passar largos períodos em sanatórios mentais), até aos excessos da religiosidade (a sua influência provocou uma luta constante entre o ateísmo e a devoção extrema). A imaginação, os sonhos, os pensamentos e ideias delirantes não são menos reais que a vida "real".
Hipnotizado pela sua própria miséria, na qual viu toda a humanidade, recusou com violência os refúgios da fé e da arte, conseguindo encarnar esse mal e vivendo a paixão total, para encontrar, no coração do nada, o êxtase. Grito da carne que sofre e do espírito alienado que se sente como tal, temos aqui o testemunho deste precursor de teatro do absurdo.




Em 1924 reúne os primeiros versos em "Tractac del ciel". Com a sua publicação entra em contacto com André Breton que acabava de apresentar o seu primeiro Manifesto Surrealista. Foi director da "Oficina de Investigação Surrealista". Durante este período escreveu também guiões de películas e poemas. Participou em 22 filmes.


(La Passion de Jeanne d'Arc de Carl Theodor Dreyer)


(Napoléon de Abel Gance)


Junto com Roger Vitrac, fundou o teatro "Alfred Jarry", montando quatro espectáculos entre 1927/29. O absoluto fracasso leva-o a refugiar-se numa teoria, a qual seria a base do seu "Teatro da Crueldade".
"Aquele que aposta pelo impacto violento no espectador, consegue com as acções, quase sempre violentas, se antepor ás palavras, libertando assim o inconsciente contra a razão e a lógica"


Em 1931, descobre o Teatro de Bali. Este resumiu para ele as diferenças entre a cultura oriental e ocidental: a primeira, mística, a segunda, realista; uma baseia-se nos gestos e nos símbolos, a outra nos diálogos e na palavras. O Teatro de Bali utiliza a cena para o ritual e a transcendência; o ocidental, para a ética e a moralidade.
Artaud acreditava que o Teatro devia afectar os espectadores o mais possível, assim utilizava uma mistura de formas de luz, sons e execuções estranhas.
O "Teatro da Crueldade" não era exclusivamente a crueldade, o sadismo ou a dor, mas também com a mesma intensidade, referia-se a uma violenta determinação física para destruir a falsa realidade.
Considerava que o texto tinha sido um tirano do significado, e lutava por um teatro realizado com uma única linguagem, entre os pensamentos e os gestos.
Artaud descrevia o espiritual em termos físicos, e acreditava que toda a expressão é expressão física no espaço.
O "Teatro da Crueldade" foi criado para restabelecer no teatro uma concepção da vida apaixonada e convulsiva, é neste sentido de rigor violento e condensação extrema de elementos cénicos que deve entender-se a crueldade na qual estão baseados. Esta crueldade, que será sangrenta no momento que for necessário, mas não de maneira sistemática, pode ser identificada com uma espécie de pureza moral severa que não teme pagar com a vida o preço que for necessário.




Em 1936 foi ao México conviver com os Tarahumaras, um povo indígena, para encontrar a antiga cultura solar e experimentar o Peyote. Para Artaud, os Tarahumaras eram uma "Raça-Principio" cuja cultura considerava superior à do homem Ocidental.
"Com os Tarahumaras entramos num mundo terrivelmente anacrónico e que é um desafio aos nossos tempos. Atrevo-me a dizer que é pior para estes tempos e tanto melhor para os Tarahumaras.
No regresso, em 1937, Artaud passou alguns meses imerso no estudo da astrologia, numerologia e no Tarot.
"O que diferencia os pagãos de nos, é que na origem de todas as suas crenças, há um esforço terrível para não pensar nos homens, para assim conservar o contacto com toda a criação, quer dizer com a divindade"


Em 1947, publicou o ensaio "Van Gogh, le suicidé de la société"., onde expressou a sua grande estima pelo pintor e a revolta contra os psiquiatras.

“É isto que me toca mais em Van Gogh, o maior pintor de todos os pintores (...) conseguiu apaixonar a natureza e os objectos de tal forma que qualquer conto fabuloso de Edgard Poe, Hermam Melville, Nathanaël Hawthorne, Gérard de Nerval, Achim d’Arnim ou Hoffman não supera, no plano psicológico e dramático, as suas telas (...)”

Em 1948, realizou uma peça radiofónica, "Para acabar com o julgamento de deus", emissão essa posteriormente interditada. Nesse ano declarou a intenção de se dedicar exclusivamente ao teatro, mas morre pouco tempo depois.






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