domingo, 30 de janeiro de 2011

Oscar Wilde - O retrato de Dorien Gray - cap. IV


Meu caro amigo, o que Basil põe-no na sua obra. Resulta assim que na vida corrente, não lhe restam mais que os seus preconceitos, os seus princípios e o seu bom senso. Os únicos artistas agradáveis de conviver são os maus artistas. Um artista existe unicamente no que faz, e é portanto desprovido de interesse em si mesmo. Um grande poeta – um verdadeiro grande poeta, entenda-se – é o ser menos poético que se possa imaginar. Em contrapartida, os poetas de qualidade inferior são absolutamente fascinantes. Quanto piores são os seus versos, mais pitorescos eles são. O simples facto de ter publicado um soneto de segunda ordem torna um indivíduo irresistível: vive a poesia que é incapaz de escrever… Quanto aos outros, escrevem a poesia que não tem a audácia de viver.

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