sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Camilo Pessanha - 2
Clépsidra
(Poesias)
Crepuscular
Há no ambiente um murmúrio de queixume,
De desejos de amor, d'ais comprimidos...
Uma ternura esparsa de balidos,
Sente-se esmorecer como um perfume.
As madre-silvas murcham nos silvados
E o aroma que exalam pelo espaço,
Tem delíquios de gozo e de cansaço,
Nervosos, femininos, delicados.
Sentem-se espasmos, agonias d'ave,
Inapreensíveis, mínimas, serenas,...
— Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas,
O meu olhar no teu olhar suave.
As tuas mãos tão brancas d'anemia...
Os teus olhos tão meigos de tristeza...
— é este enlanguescer da natureza,
Este vago sofrer do fim do dia.
(Voz débil que passas,...)
Voz débil que passas,
Que humílima gemes
Não sei que desgraças...
Dir-se-ia que pedes.
Dir-se-ia que tremes,
Unida às paredes,
Se vens às escuras,
Confia-me ao ouvido
Não sei que amarguras...
Suspiras ou falas?
Porque é o gemido,
O sopro que exalas?
Dir-se-ia que rezas.
Murmuras baixinho
Não sei que tristezas...
— Ser teu companheiro?
Não sei o caminho.
Eu sou estrangeiro.
— Passados amores? —
Animas-te, dizes
Não sei que terrores...
Fraquinha, deliras.
— Projectos felizes?
Suspiras, Expiras.
(Porque o melhor, enfim...)
Porque o melhor, enfim
É não ouvir nem ver...
Passarem sobre mim
E nada me doer!
— Sorrindo interiormente,
Co'as pálpebras cerradas,
Às águas da torrente
Já tão longe passadas. —
Rixas, tumultos, lutas,
Não me fazem dano...
Alheio às vãs labutas,
Às estações do ano.
Passar o Estio, o Outono,
A poda, a cava, e a redra,
E eu dormindo um sono
Debaixo duma pedra.
Melhor até se o acaso
O leito me reserva
No prado extenso e raso
Apenas sob a erva.
Que Abril copioso ensope...
E, esbelto, a intervalos
Fustigue-me o galope
De bandos de cavalos.
Ou no serrado mato,
A brigas tão propício,
Onde o viver ingrato
Dispõe ao sacrifício
Das vidas, mortes duras
Ruam pelas quebradas,
Com choques de armaduras
E tinidos de espadas...
Ou sob o piso, até,
Infame e vil da rua,
Onde a torva ralé
Irrompe, tumultuosa,
Se estorce, vocifera,
Selvagem nos conflitos,
Com ímpetos de fera
Nos olhos, saltos, gritos...
Roubos, assassinatos!
Horas jamais tranquilas,
Em brutos pugilatos
Fracturam-se as maxilas...
E eu sob a terra firme,
Compacta, recalcada,
Muito quietinho. A rir-me
De não me doer nada.
Poema Final
Ó cores virtuais que jazeis subterrâneas,
— Fulgurações azuis, vermelhos de hemoptise,
Represados clarões, cromáticas vesânias —,
No limbo onde esperais a luz que vos baptize,
As pálpebras cerrai, ansiosas não veleis.
Abortos que pendeis as frontes cor de cidra,
Tão graves de cismar, nos bocais dos museus,
E escutando o correr da água na clépsidra,
Vagamente sorris, resignados e ateus,
Cessai de cogitar, o abismo não sondeis.
Gemebundo arrulhar dos sonhos não sonhados,
Que toda a noite errais, doces almas penando,
E as asas lacerais na aresta dos telhados,
E o vento expirais em um queixume brando,
Adormecei. Não suspireis. Não respireis.
sábado, 24 de dezembro de 2011
Surrealismo - 7: René Magritte
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René François Ghislain Magritte (Lessines, Bélgica, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, Bélgica, 15 de Agosto de 1967)
The Treason of Pictures (1929)
La clef des songes (1930)
Clear Ideas (1958)
Golconde (1953)
Le Reproduction Interdite (1937)
L'explication (1952)
Personal Values (1951-52)
Memory of a Voyage (1952)
The Human Condition (1933)
The Red Model (1935)
The Son of Man (1964)
Time Transfixed (1928)
The lovers (1928)
René François Ghislain Magritte (Lessines, Bélgica, 21 de Novembro de 1898 ― Bruxelas, Bélgica, 15 de Agosto de 1967)
Magritte deu novos significados aos objectos comuns, mas de uma forma diferente. As suas pinturas tem um conteúdo filosófico e poético, exortando à hipersensibilidade de quem as vê.
The Treason of Pictures (1929)
La clef des songes (1930)
"Detesto o meu passado e o de todos. Detesto a resignação, a paciência, o heroismo profissional e os sentimentos bonitos obrigatórios. Também detesto as artes decorativas, o folclore, a publicidade, as vozes dos anúncios, o aerodinamismo, os escuteiros, o cheiros das bolas de naftalina, acontecimentos do momento e pessoas embriagadas"
Golconde (1953)
Le Reproduction Interdite (1937)
L'explication (1952)
Personal Values (1951-52)
Memory of a Voyage (1952)
The Human Condition (1933)
The Red Model (1935)
The Son of Man (1964)
Time Transfixed (1928)
The lovers (1928)
The Listening Room (1958)
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